Hinayana, Mahayana e Vajrayana – As 3 Escolas Básicas do Caminho Espiritual Budista

Orígens da Palavra e e Práticas em Comum.

As palavras Hinayana (Pequeno Veículo) e Mahayana (Grande Veículo) surgiram pela primeira vez no o Sutra Prajnaparamita (O Sutra da Sabedoria Discriminativa de Longo Alcance, O Sutra da Sabedoria da Perfeição).

Ambas escolas adotam o mesmo Vinaya, e eles têm em comum a prática dos cinco preceitos (não matar, não roubar, não mentir, não ter conduta sexual imprópria e não utilizar intoxicantes) e das quatro nobres verdades. Aqueles que veneram os bodisatvas e leem os Sutras Mahayana são chamados de Mahāyānistas, enquanto aqueles que não o fazem são chamados Hīnayānistas.

Os sutras Mahayana mais conhecidos são o Sutra do Lótus, o Sutra da Guirlanda de Flores, o Sutra Avatamsaka e o Sutra Lankavatara.

Vinaya, uma palavra em páli e sânscrito que significa ‘educação’ ou ‘disciplina’ e é a base regulatória da comunidade monástica budista, ou sanga, baseada nos textos canônicos chamados Vinaia Pitaca.

Os ensinamentos do Buda, ou o Budadarma podem ser divididos em duas categorias abrangentes:

Dharma – doutrina;
Vinaia – disciplina.

Um outro termo pra Budismo é Dharmavinaia.

Pontos Conflitantes Entre as Escolas Hinayana e Mahayana.

Outro ponto conflitante entre os caminhos Hinayana e Mahayana é que a tradição Hinayana (Śrāvakayana) enfatiza que o único caminho rumo à elevação o é o caminho śrāvaka, marcado pela vida monástica e contemplativa dedicadas predominantemente à meditação e o desenvolvimento individual da mente através da concentração, buscando a salvação própria, que diferente da escola Mahayana acredita que a liberação deve ser alcançada através da busca pelo bodhisattva em seu Ser (aquele que ilumina a si e os outros), isto é: aquele que mesmo após a sua iluminação, decide por adiar a sua própria salvação para auxiliar os outros seres que se encontram no Caminho Crístico de evolução (o caminho do segundo Logos).

O Ensinamento de Buda Sobre os Três Caminhos Possíveis.

O Buda Shakyamuni, ensinou que existem três categorias básicas de caminho, para três categorias básicas de pessoas:

OS CAMINHOS HINAYANA, MAHAYANA E VAJRAYANA:

HINAYANA – O Caminho do Pequeno Veículo ou o Caminho da autoliberação:

É a primeira categoria de escola, destinada às pessoas que buscam se libertar da ilusão e do sofrimento, de maneira individual.

As escolas mais proeminentes que representam este caminho são Sarvastivada e a Theravada.

A vertente Hinayana acredita que a única maneira de ajudar o mundo é através da própria autoliberação e por isso a ação deve ser evitada, por conta das relações de karma.

O Hinayana é fundamentalmente uma filosofia ortodoxa, baseada nos ensinamentos prescritos no: Tripitaka, (as três cestas) que é o Cânone Pali, que é composto por três Nikāyas (pali) ou āgama (sânscrito) e podem ser traduzidos como volumes ou tomos, que são pela ordem:

Vinaya Pitaka (1º nikaya ou volume):
Contém basicamente as regra monásticas disciplinares;

Sutta Pitaka (2º nikaya ou volume):
Contém os ensinamentos do Buda;

Abhidhamma Pitaka (3º nikaya ou volume):
Explora a natureza da consciência e os processos mentais que moldam a experiência humana e representa o “mapa da mente do budismo”.
O Abhidharma Pitaka aborda temas de alta complexidade tais como: ética e comportamento, cosmologia e cosmogonia, psicologia, epistemologia, e recursos salvacionais.

Existem várias versões do Tripitaka, entre elas:

O Cânone Pali, seguido pelo Budismo Theravada
O Cânone Budista Chinês, seguido pelo Budismo Mahayana
O Cânone Budista Tibetano, seguido pelo Vajrayana ou Budismo Tibetano

A escola Hinayana segue basicamente o caminho do Nirvitti Marga, o Caminho do Pai ou Primeiro Logos, por isso é indicado para aqueles que pretendem seguir a vida monástica e contemplativa.

A grosso modo, a Escola Hinayana assemelha-se ao Advaita Vedanta do Hinduísmo e a escola do Jñana Yoga (o caminho do conhecimento – cujo instrumento principal é o intelecto e o controle da mente), que possuem fundamentalmente cunho de iluminação espiritual individual, característica do Nivritti Marga.

O seu objetivo é a vestidura Darmakaya,o Corpo Absoluto ou a Mente de Buda e se fundamenta no desenvolvimento do aspecto vontade-poder dimanante do Primeiro Logos (O Pai).

Embora o termo “nirmanakaya” provenha do conceito dos “Trikayas” ou os três corpos de Buda advindos do budismo Mahayana, pode-se utilizar com segurança a concepção de “dharmakaya” para descrever o objetivo da vertente Hinayana.

O conceito da existência dos três corpos de um buda — nirmanakaya, sambhogakaya e dharmakaya é proveniente unicamente da escola Mahayana. O Hinayana não os reconhece. Portanto, o conceito de buda é significativamente diferente entre o Hinayana e o Mahayana;

outro ponto interessante entre as escolas Hinayana e Mahayana é aquele que diz respeito a arhats (adeptos) e budas.

Ambas concordam que arhats, ou seres liberados, são mais limitados que os budas, seres iluminados.

O Mahayana aponta dois conjuntos distintos de obscurecimentos espirituais:

Os obscurecimentos emocionais, que impedem a liberação;
Os obscurecimentos cognitivos, que impedem a onisciência.

Os arhats estão livres apenas do primeiro, enquanto os budas estão livres dos dois. Essa divisão não é encontrada no Hinayana. É uma definição exclusivamente Mahayana.

Só para esclarecer, na escala de ascensão para a verdade, os graus de elevação do espírito podem ser considerados como três — Neófito (aprendiz), Adepto e Mestre.

Na realidade, os graus de realização são contados em dez: — quatro para o Neófito, três para o Adepto e três para o Mestre. Há também dois graus intermediários localizados entre o primeiro e o segundo níveis e entre o segundo e o terceiro há outros subgraus compreendidos como graus de noviciado.

MAHAYANA – O Caminho do Grande Veículo:

Escola categorizada por pessoas que querem se libertar da ilusão e do sofrimento com o objetivo final de ajudar os demais seres humanos a se libertarem também.

A primeira menção ao Mahayana ocorre no Sutra do Lótus, entre o século I a.C.

O Mahayana possui uma postura religiosa e filosófica mais inclusiva e menos ortodoxa que o Hinayama, que é caracterizada pela adoção de outros sutras, os chamados Sutras Mahayanos, em adição aos textos mais tradicionais, como o Tripitaka (Cânone Páli) e os Ágamas.

Além da admissão de outras fontes de conhecimento sagrado, o maior diferencial em face à escola Hinayana reside no fato de que para a escola Mahayana não pode haver de fato a liberação individual, pois a verdadeira bem aventurança (ananda) só pode ser atingida quando a última alma se libertar da roda do ciclo de renascimentos (Samsara) e por isso acredita que as relações de auto-ajuda entre pessoas são o único meio de realmente conseguir a autoliberação, por isso, além do trabalho individual, é necessária a prática da ação benéfica e desinteressada em prol dos outros.

Para a escola Mahayana, a verdadeira renúncia não se faz ao mundo, mas sob a forma do adiamento de sua salvação, mesmo depois de ter atingido a iluminação. Daí parte o conceito de bodhisattva, o herói que se autosacrifica (o sacro officio) pela humanidade, tal como Buda e Cristo o fizeram.

Por isso é chamado o “Caminho do Filho” ou do Segundo Logos, se bem que o caso de Cristo se assemelhava mais ao da terceira escola, o Vajrayana ou escola esotérica, a qual detalharemos melhor mais adiante.

As escolas mais proeminentes que representam este caminho são Chittamatra e Madhyamaka.

O cânone do budismo Mahayana é o Cânone Budista Chinês, que é composto por textos escritos em sânscrito. O termo tradicional para este cânone é Dàzàngjīng, que significa “Grande Tesouro de Sutras”. Este cânone é dividido em “três cestas”: Sutras, Vinaya, e Abhidharma.

Esta escola segue o caminho do Privitti Marga ou Caminho Crístico, proviniente do Segundo Logos onde o palco da evolução se dá pela evolução crística ou seja, pela evolução natural de todos os seres que fazem parte do Samsara ou do Esquema Planetário evolutivo do Segundo Logos (Cristo ou Buda).

O seu objetivo é a vestidura Nirmanakaya, o Corpo de Manifestação ou o Corpo de Buda.

Na prática isto quer dizer que todas as almas devem se ajudar mutuamente para que atinjam a evolução em conjunto, por isso é essencial o conceito de “sanga” ou grupo, onde pessoas se reunem para o estudo e a prática do Trabalho de autoliberação.

As religiões cristãs, no geral, possuem em seu fundamento a idéia de evolução conjunta, onde os seres se auxiliam mutuamente através da ação (karma) com viés de lapidação espiritual através do aprendizado do aspecto amor-sabedoria, que é o caminho dimanante do Segundo Logos (O Filho).

Muitas escolas de yoga tais como o Karma Yoga (escola da ação – cujo instrumento principal é a moral e a ética), o Bakthi Yoga (escola da devoção – cujo instrumento principal é a devoção e o amor a Deus), o Espiritísmo e outras escolas cristãs (Catolicismo, judaísmo etc.) se utilizam como filosofia fundamental o caminho da “Grande Veículo” que é a salvação para todos, promovida por todos;

VAJRAYANA (Budismo Tibetano) – O Caminho do Veículo do Diamante:

Esta escola espiritual é um braço da segunda categoria e compartilha com ela muitos objetivos, crenças e fundamentos, tal como a busca pela vestidura Nirmanakaya e o caminho de evolução crística através do Trabalho e o serviço ao outro, e é formado por pessoas que além de quererem a libertação da ilusão e do sofrimento para sí e para os outros, estão dispostas a usar conjuntamente métodos extraordinários para conseguirem o seu intento.

Estes métodos extraordinários se baseiam em conhecimentos que não ficam circunscritos ao Tripitaka aos Ágamas e aos Sutras Mahayanos, mas buscam na filosofia Sânkhya, no Tantra e no conhecimento das manifestações da natureza as ferramentas de elevação espiritual não mencionadas na literatura Canônica Pali.

O cânone da religião budista Vajrayana, também conhecido como Budismo Tântrico, é composto por uma vasta coleção de textos e escrituras. Estes textos são geralmente divididos em duas categorias principais:

Kangyur: Esta coleção contém os ensinamentos diretos do Buda, conhecidos como sutras e tantras. Os tantras são textos esotéricos que descrevem práticas avançadas de meditação e rituais.

Tengyur: Esta coleção inclui comentários e tratados escritos por mestres budistas ao longo dos séculos. Estes textos explicam e expandem os ensinamentos encontrados no Kangyur.

Além dessas coleções principais, o Vajrayana também valoriza textos específicos de linhagens e mestres individuais, que podem variar conforme a tradição ou escola dentro do Budismo Tântrico

Nesta vertente, os instrumentos de aprendizado e aprimoramento transcendem o autoconhecimento do Ser (Purusha ou Espírito), e incluem o conhecimento profundo do mundo manifestado que o rodeia (Prakriti) e promove a utilização destes conhecimentos em conjunto (espírito e matéria) como mola propulsora para o seu desenvolvimento consciencial, isto é: além da auto lapidação do espírito, as forças e as leis da natureza também são diretamente utilizadas para a o processo de ascensão espiritual do Ser e sua liberação.

A Escola Vajrayana admite a ritualística no seu ensinamento, ou seja procura equilibrar de forma harmoniosa os atributos do Pai (Primeiro Logos – O Espírito ou Purusha) e da Mãe (O Terceiro Logos – O Espírito Santo, a matéria ou Prakriti), criando assim o Caminho do Filho (Crístico ou do Buda) que se apoia na comunhão de ambos para a elevação espiritual através da evolução da vida e da forma material e o desenvolvimento da consciência.

O Budismo Vajrayana é pacífico em sua filosofia e não possui contradições com as outras duas escolas, sendo que considera que as doutrinas aplicadas nas escolas Mahayana e Hinayana são fundamentos essenciais para a sua prática.

Dentro do Budismo Vajrayana, há três pontos inter-relacionados os quais devem ser desenvolvidos através da prática. São eles: a Visão, a Meditação e a Ação.

Além disso, na escola Vajrayana é estimulado o cultivo da motivação pura.

Mais sobre o budismo Vajrayana.

Vajrayana é um conjunto de escolas budistas esotéricas que se traduz como “veículo de diamante”. O termo vem do sânscrito, onde vajra significa “raio” e yana se refere à busca espiritual.

O Vajrayana é conhecido também como mantrayana, tantrayana, budismo esotérico ou tântrico.

O Vajrayana se baseia na crença de que é possível perceber a realidade mais profunda, cortando ilusões e conceitos errôneos.

Algumas práticas do Vajrayana incluem:

Meditação
Visualização de mandalas
Repetição de mantras
Gestos sagrados com as mãos (mudras)
Prostrações
Ioga da divindade

Créditos:
Imagem:

https://www.notibras.com/site/

Textos retirado do sítio da web:

https://www.odsalling.org/

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