Tripura Sundari – A Rainha dos Reis.
O MAHA-YUGA (o ciclo yuga)
Antes de iniciarmos os nossos estudos é bastante pertinente sabermos que o método de contagem de tempo de duração dos yuga ha muito é motivo de discussão entre os estudiosos da cosmologia hinduísta.
o texto abaixo, retirado do sítio da web “ananda.org” nos ajuda a elucidar um pouco desta disputa onde alguns grandes mestres afirmam que ainda estamos em Kali Yuga e outros que já estamos em Dvapara Yuga.
“Em seu livro “Religion in the New Age”, Swami Kriyananda escreve sobre a “Teoria do Ciclo Yuga” de Swami Sri Yukteswar, que passou a informação para seu discípulo primário, Paramhasa Yogananda, e para o mundo, por meio de seu livro “The Holy Science”. Aqui está uma citação de “Religion in the New Age”.
“Na Índia, a tradição atualmente aceita é que ainda vivemos em Kali Yuga, a era das trevas. De acordo com essa leitura convencional dos textos — uma leitura descartada com lógica fria por Sri Yukteswar — a humanidade está, relativamente falando, não muito além do início de Kali Yuga, e está destinada a afundar cada vez mais profundamente no pântano da ignorância e degradação moral que é o produto desta era… As coisas, de acordo com essa interpretação, continuarão a piorar por mais 427.000 anos. Nesse ponto, alguns acreditam, o mundo será aniquilado, enquanto outros acreditam que Satya Yuga, a era espiritual, reaparecerá e iniciará mais uma vez o eterno processo de descida do idílio edênico ao desastre estigiano… [Sri Yukteswar] alegou que uma falha séria havia se infiltrado no cálculo, vários séculos atrás, do sistema yuga muito mais antigo . A falha em si, ele disse, era um produto do presente de ignorância de Kali Yuga para a humanidade. A verdadeira duração de Kali Yuga, e de cada uma das outras eras, é, Sri Yukteswar proclamou, muito mais breve do que aqueles períodos de tempo impossivelmente longos atribuídos a eles convencionalmente. Em vez de 432.000 anos no total para Kali Yuga, essa era dura apenas 1.200 anos. No ano de 1600 d.C., a Terra começou a sair de Kali Yuga, e completou seu surgimento cem anos depois, no ano de 1700 d.C. Assim como as estrelas noturnas empalidecem diante do amanhecer que se aproxima lentamente, o século final de Kali Yuga viu o enfraquecimento desses raios antes da aproximação de Dwapara Yuga, a era da energia. Em 1700 d.C., vivenciamos as primeiras nuvens rosadas, por assim dizer, de Dwapara… Em 1900 d.C., o que poderíamos chamar de sol de Dwapara Yuga propriamente dito surgiu acima do horizonte. A era da energia havia começado.”
Assim, o erro o qual podemos presumir é que foram considerados os “anos divinos” na contagem dos yugas, ao invés de anos solares, os quais deveriam ter sido mais apropriados para efetuar o cálculo.
Um Maha-yuga ou era cíclica é uma grande unidade de tempo utilizada na cosmologia hindu e na Teosofia, cujo ciclo total dura 360 anos divinos ou 4.320.000 anos humanos.
Porém, de acordo com Swami Kriyananda, os cálculos corretos apontariam 33,3 anos divinos, ou seja: 12.000 anos solares a duração total de um ciclo yuga (maha-yuga).
Desta forma, os yugas teriam respectivamente 4.800 anos para o Satya Yuga, 3.600 anos para o Treta Yuga, 2.400 anos para o Dvapara Yuga e finalmente 1.200 anos para o Kali Yuga, reduzindo de forma substancial a duração de cada um deles, nos colocando assim dentro do círculo de abrangência do Dvpara Yuga ao invés do Kali Yuga, que teria acabado por volta do final dos anos 1.500 (Sec. XVI) e início dos anos de 1.600 (Sec. XVII).
Observações: Para algumas correntes do hinduísmo e para a Teosofia as durações dos yugas são respectivamente:
Satya Yuga: 1.728.000 anos solares (4.800 anos divinos);
Treta Yuga: 1.296.000 anos solares (3.600 anos divinos);
Dvapara Yuga: 864.000 anos solares (2.400 anos divinos);
Kali Yuga: 432.000 anos solares (1.200 anos divinos).
Para estas correntes ainda estamos na era de Kali Yuga e assim permaneceremos por cerca de mais 427.000 anos.
Acredita-se que perto do términio de Kali Yuga , quando as virtudes humanas apresentam a sua maior decadência, um cataclismo com o viés do restabelecimento do dharma ocorre para saudar (dar as boas vindas) ao Satya Yuga (Krita) do próximo ciclo.
Coincidência ou não, o ano de 536 d.C. é considerado por vários cientistas e historiadores como o pior ano da história, com o acontecimento de vários cataclismas, como relatado no texto abaixo retirado do sítio da Wikipedia:
“No início deste ano, um vulcão localizado na Islândia expeliu cinzas no Hemisfério Norte, criando uma névoa que mergulhou a Europa, o Oriente Médio e partes da Ásia numa escuridão por 18 meses, com consequências cataclísmicas. As temperaturas no verão caíram de 1,5 ° C a 2,5 ° C, iniciando a década mais fria nos últimos 2300 anos.
Em algumas partes da Europa e da Ásia, o Sol brilhava apenas quatro horas por dia e não iluminava mais do que a Lua.
Apesar de a vida na Terra não ter acabado, este período de intensa escuridão foi seguido por um longo período de agitação, com as árvores a terem muitas dificuldades em crescer desde o ano 536 até 555. As evidências sugeriam uma atenuação solar extensa, mas os cientistas nunca souberam o motivo”.
Um Ciclo Yuga ou Maha-Yuga é composto de quatro ciclos menores de duração diferenciada (yugas) que se relacionam diretamente às condições de moralidade, espiritualidade harmonia física e psiquica dos seres nele contidos.
Segundo o conhecimento cosmológico hindu, a medida que um ciclo yuga progride no tempo através dos quatro yugas, a duração de cada yuga e o estado moral e físico geral da humanidade dentro de cada yuga diminuem na proporção de um quarto.
Acredita-se, de acordo com a corrente de Swami Kryananda , que Kali Yuga , que dura 1.200 anos, tenha começado entre 336 e 333 a.C. e terminado entre o final do século XVI e início do século XVII d.C.
Ainda, conforme informações retiradas do sítio da Wikipedia:
“No Rigveda , um yuga se refere a gerações, um período de tempo (longo ou curto) ou um jugo (união de duas coisas).
No Mahabharata , as palavras yuga e kalpa (um dia de Brahma ) são usadas indistintamente para descrever o ciclo de criação e destruição.
Em textos pós-védicos, as palavras ” yuga ” e “idade” comumente denotam um catur-yuga (pronuncia-se chatur yuga ), um ciclo de quatro eras mundiais – por exemplo, no Surya Siddhanta e no Bhagavad Gita (parte do Mahabharata) – a menos que expressamente limitado pelo nome de uma de suas eras menores: Krita (Satya) Yuga , Treta Yuga , Dvapara Yuga ou Kali Yuga”.
Existem 71 Ciclos Yuga em um manvantara (era de Manu ) e 1.000 Ciclos Yuga em um kalpa (dia de Brahma ).
Cada ciclo (maha-yuga) é composto por quatro Yugas, cada um com uma duração específica:
Satya Yuga – a era de ouro ou era espiritual:
O primeiro Yuga, também conhecido como Krita Yuga é o mais longo de todos dura 4.800 anos solares (13,3 anos divinos).
É considerado a melhor era de todas, quando o Dharma, ou Justiça, encontra-se no seu nível mais alto.
O Satya Yuga é precedido por um ciclo de Treta Yuga e seguido pelo próximo ciclo Treta Yuga.
A era de Satya Yuga é sustentada por 4 pilares (pernas) ou quatro leis básicas e fundamentais (obrigatórias):
1) – A verdade (satya);
2) – A compaixão ou não violência (daya);
3) – A pureza (sauca);
4) – A austeridade (tapas).
Os textos védicos afirmam que durante Satya Yuga, ou a Era de Ouro, os seres humanos eram meditativos, fortes e virís, possuiam poderes psiquicos (siddhis) e podiam viver por até 100.000 anos (período compreendido entre a reencarnação física até o retorno ao mundo celeste ( “svarga”, “devachan”) do bardo).
* Compreende-se como “bardo” ou “umbral” o período entre o nascimento, a morte física e etérica, a morte astral ou psíquica e a morte mental (início do processo de síntese do mental superior).
Aliás, é por conta do desconhecimento deste fato que surge a incompreensão e a dúvida a respeito da idade e longevidade dos homens e santos relatados em tempos remotos por muitas religiões, como por exemplo, pelas religiões cristãs que narram expressamente na Bíblia a longevidade de personalidades como Matusalém, que teria vivido 969 anos e Lameque que viveu 777 anos.
Em Satya Yuga não havia diferenças culturais políticas e sociais e absolutamente todos desfrutavam dos confortos mundanos e viviam em perfeita harmonia com a natureza.
Não havia guerras, fome ou conflitos entre a raça humana.
Satya Yuga é o período de perfeita paz e harmonia no planeta Terra, período onde o homem “respira apenas o sentimento que emana do Senhor”, como dito na oração do Pai-nosso original.
Embora as condições de vida da humanidade sejam praticamente celestiais na era de Satya Yuga, é preciso lembrar que esta era acontece dentro do Bhavachakra (a Roda do Samsara), portanto todos que nele estão ainda estão sujeitos a ação do nascimento, da doença, do envelhecimento (mesmo que tardio) e da morte (os quatro sofrimentos universais da roda dos renascimentos).
Treta Yuga – a era de prata da humanidade:
O segundo Yuga, também conhecido como “Era de Prata”, dura 3.600 anos solares (10 anos divinos), ou seja: 3/4 da duração de um Satya Yuga.
É quando a virtude começa a declinar, e as pessoas se tornam mais materialistas e egoístas.
O Treta Yuga é precedido por Satya Yuga e seguido pelo próximo ciclo Dvapara Yuga.
A era de Treta Yuga é sustentada por 3 pilares (pernas) ou três leis básicas e fundamentais (obrigatórias):
1) – A verdade (satya);
2) – A compaixão ou não violência (daya);
3) – A pureza (sauca);
Cai o pilar da austeridade.
Dvapara Yuga – a era de bronze da humanidade:
O terceiro Yuga, dura 2.400 anos solares (6,6 anos divinos), ou seja: 1/2 (metade) da duração de um Satya Yuga.
É o período quando a ignorância, a ganância e a inveja se tornam mais banais, comuns e expressivas.
O Dvapara Yuga é precedido por Treta Yuga e seguido pelo próximo ciclo Kali Yuga.
A era de Dvapara Yuga é sustentada por 2 pilares (pernas) ou duas leis básicas e fundamentais (obrigatórias):
1) – A verdade (satya);
2) – A compaixão ou não violência (daya);
Cai o pilar da pureza.
O termo “Treta” significa ‘uma coleção de três coisas’ em sânscrito, e é assim chamado porque durante o Treta Yuga , houve três Avatares de Vishnu que foram vistos: a quinta, sexta e sétima encarnações como Vamana, Parashurama e Rama , respectivamente.
Kali Yuga – a era de ferro da humanidade:
O quarto, o mais curto, o pior e último Yuga, também conhecido como “Idade do Ferro”, dura 1.200 anos solares (3,3 anos divinos) – 1/4 da duração de um Satya Yuga.
É caracterizado por um colapso completo dos valores espirituais.
O Kali Yuga precedido por Dvapara Yuga e seguido pelo próximo ciclo Dvapara Yuga.
A era de Kali Yuga é sustentada por 1 único pilar (perna) ou uma lei básica e fundamental (obrigatória):
1) – A verdade (satya);
Cai o pilar da compaixão.
Acredita-se que mesmo com um único pilar, a humanidade em Kali Yuga se mantém de pé pela ação da Maha Vydia Tripura Sundari, A Rainha dos Reis, que sentada sobre o trono do mundo, o qual por sua vez é sustentado pelos Maha Devas Brahma, Vishnu, Shiva e Rudra (Indra), e mesmo na ausência destes, consegue o equilibrio da humanidade pela ação do apoio dado pelas suas duas pernas, que representam dois apoios adicionais, formando um tripé junto com o pilar da verdade.
Isto demonstra que mesmo em Kali Yuga, com toda a decadência moral da humanidade, o pilar da verdade continua sendo lei de cumprimento obrigatório, posto que a verdade (Sat) é o principal atributo do Primeiro Logos (Shiva ou o “Pai”).
Sat (a verdade ou a eternidade) descreve uma essência que é eterna, que nunca muda (mesmo no Kali Yuga);
“As Quatro Pernas do Touro do Dharma” representam a moralidade e são mencionadas no Bhagavata Purana e no épico Mahabharata.
Tripura Sundari significa “Aquela que é Bela nos Três Mundos” (numa referência à criação, sustentação e destruição). A Deusa também é chamada de Rajarajesvari , “A Rainha dos Reis”, ou Sodashi, “A que tem 16 anos”, ou Lalita, “Brincalhona”, entre muitos outros nomes. Apesar dos nomes aparentemente pacíficos, em seu mito central ela exerce função de guerreira. O que não constitui contradição, mas sim a essência de seu Poder.
Seu trono é sustentado por 4 Deuses: Brahma, Vishnu, Shiva e Rudra. Ela é adornada com muitas jóias, e é servida por Lakshmi (consorte de Vishnu) e Saraswati (consorte de Brahma).
A Maha Vidya Tripura Sundari está fortemente associada com o Sri Yantra e com o Srividya Mantra.
Imagem de um Sri Yantra, simbolo da união das forças masculinas e femininas do universo.
Créditos:
Textos parciais, imagens e referências retiradas dos sítios da web:
Medium.com – tripura sundari;
Ananda College
Referências:
Sitio da web “Volta ao supremo – Kali Yuga, a última era do ciclo cósmico”.