Tratado sobre o Chandra Chakra – O Chakra da Lua e Centro Alquímico da Imortalidade

Tratado Avançado sobre o Chandra Chakra - O Centro Alquímico da Imortalidade

TRATADO SOBRE O CHANDRA CHAKRA - (Chakra da Lua ou Soma Chakra)

O Centro Alquímico da Imortalidade e Iluminação

I. Introdução Cosmogônica

O Chandra Chakra, Soma Chakra ou ainda Chakra da Lua é um dos centros energéticos mais enigmáticos e profundos no sistema tântrico-yogue, frequentemente mencionado em textos esotéricos como a fonte secreta do néctar divino (amrita (ambrosia)), responsável pela regeneração celular, expansão da consciência e acesso a estados místicos de união cósmica (samadhi). Sua existência é descrita em camadas:

Física: Localizado no palato superior (talu chakra ou lalana chakra), com extensões até a base do crânio (bindu visarga) e a glândula pituitária.
Sutil: Conecta-se ao canal central (sushumna nadi) como um reservatório de energia lunar (chandra shakti).
Cósmico: Associado à lua esotérica (não a Lua física, mas ao princípio universal de soma – a essência refrescante que equilibra o fogo solar (surya) no corpo).

Fontes Primárias Distintas

Rig Veda (Mandala 9): Todo um conjunto de hinos é dedicado ao Soma, não apenas como planta ritualística, mas como energia divina que "flui do céu para a mente dos sábios".
Amritanada Upanishad (Versos 12-15): Explica que o néctar amrita (também chamado de ambrosia ou ainda sanjīvini bhuti no ayurveda) escorre do Soma Chakra para o fogo digestivo (manipura), onde pode ser queimado (perdido) ou preservado (transformado em ojas, energia vital superior).
Shiva Swarodaya (Tantra da Respiração): Descreve o fluxo do soma através das narinas, especialmente durante a lua nova e lua cheia, quando sua influência é mais potente.

II. Anatomia Sutil do Soma Chakra

1. Estrutura Física e Correlações Biológicas

O Soma Chakra não é um único ponto, mas um complexo de três regiões interligadas:

Talu Chakra (Palato Superior):

Localização física: A área mole atrás do palato duro, onde a língua repousa no Khechari Mudra.
Função: Secretar amrita através de pequenas glândulas (identificadas por alguns iogues modernos como as glândulas salivares superiores).
Evidência textual: Hatha Yoga Pradipika (3.32-34) fala sobre "rasa" (seiva) que escorre quando o yogi pratica khechari mudra por anos.

Bindu Visarga (Base do Crânio):

Ponto de pressão: Onde o crânio se conecta à coluna (medula oblonga).
Significado: "Bindu" significa "ponto" ou "gota", e "visarga" é "emissão" – onde o amrita é liberado para circular no corpo.
Conexão com o sistema nervoso: Regula o líquido cefalorraquidiano, que textos tântricos chamam de soma rasa.

Glândula Pituitária (Hipófise):

Função endócrina: Produz hormônios que regulam crescimento, intuição e reprodução.
Visão tântrica: Considerada a "sede da mente superior", onde ida nadi (energia lunar) e pingala nadi (energia solar) se fundem.

2. Simbologia e Geometria Sagrada

O Soma Chakra é representado por:

Lua Crescente (Ardhachandra):
- Simboliza a mente receptiva, o feminino sagrado (shakti) e o princípio de resfriamento (contrabalança o calor de manipura).
- Na alquimia interna, a lua "destila" o néctar que cai no fogo digestivo (surya chakra).
16 Pétalas (Shodasha Kala):
- Correspondem às 16 fases da lua na astrologia védica (tithis).
- Cada pétala vibra com um som sutil (matrika shakti), descrito no Yoga Chudamani Upanishad.
Cálice (Karandamukha):
- Um vaso dourado que coleta o amrita antes que ele seja consumido pelo "fogo da cabeça" (murdhagni).

III. Psicologia Profunda do Soma Chakra

1. Estados Mentais Associados

Quando ativado, o Soma Chakra produz:

Inspiração Criativa (Pratibha):
- Acesso a sabedoria espontânea (dhirga drishti), como a que poetas e artistas descrevem.
- Exemplo: O matemático Srinivasa Ramanujan atribuía suas descobertas a "visões da Deusa".
Cura Emocional (Samskara Nasha):
- Dissolve memórias traumáticas armazenadas no corpo causal (karana sharira).
- Estudos modernos mostram que a hipófise regula a ocitocina, hormônio ligado à confiança e cura emocional.
Êxtase sem Objeto (Nirvikalpa Samadhi):
- Um estado de paz além da razão, descrito por mestres como Ramana Maharshi.

2. Desequilíbrios e Patologias

Excesso de Soma (Tamo Guna):
- Letargia, ilusão (moha), vícios em fantasias escapistas.
- Correlação moderna: Disfunção da hipófise → depressão clínica.
Deficiência de Soma (Pitta Agravado):
- Secura mental, incapacidade de relaxar, envelhecimento precoce.
- Ayurveda associa à deficiência de ojas (essência vital).

IV. Métodos de Ativação (Prática Esotérica)

1. Khechari Mudra (O Selo do "Voo Espiritual")

Técnica: A língua é alongada (com prática) até tocar o palato superior, estimulando a secreção de amrita.
Efeitos documentados:
- Textos como o Gheranda Samhita (3.25-32) afirmam que isso "destrói doenças, fome e sede".
- Estudos modernos mostram que a pressão no palato ativa o nervo vago, promovendo relaxamento profundo.

2. Soma Mantra (Som Primordial)

Mantra: "Om Somaya Namah" (9 repetições ao dia, durante a lua crescente).
Mecanismo: Vibração ressoa na cavidade craniana, estimulando a pituitária.

3. Meditação na Lua (Chandra Dhyana)

Visualizar a lua cheia no palato, derramando néctar prateado que preenche todo o corpo.

V. Conclusão: O Soma como Portal da Imortalidade

O Soma Chakra é a ponte final entre a consciência individual e a iluminação. Seu néctar (amrita) não é uma substância física, mas a essência da própria consciência destilada através da prática iogue. Dominá-lo significa:

Transcender a dualidade (sol/lua, masculino/feminino).
Ativar a regeneração celular (rasayana).
Acessar a criatividade divina (pratibha).

EXEMPLO PRÁTICO DIDÁTICO

Visualização do Soma Chakra:

Sente-se em padmasana (lótus) em um local silencioso.
Feche os olhos e leve a atenção ao palato superior.
Imagine uma lua crescente brilhante nesta região, irradiando luz prateada.
Sinta um orvalho fresco escorrendo pela garganta, nutrindo cada célula.
Repita mentalmente: "Sou preenchido pelo néctar da imortalidade".
Permaneça por 11 minutos, observando clareza mental e frescor interno.

(Prática baseada no Vijnana Bhairava Tantra, Verso 55)